Na última semana, de 31 de outubro a 2 de novembro de 2024, foi realizada, no Rio de Janeiro, a 12ª edição do GreenRio, evento que promove a troca de experiências, produtos e serviços voltados para o desenvolvimento sustentável, com a participação de diversos expositores e ampla programação que abordará temas com bioeconomia, economia azul, descarbonização, investimentos sustentáveis, desenvolvimento urbano e rural, entre outros.
O IBAM participou do evento com coordenação da mesa redonda “Clima, Cidade e Território: desafios para a gestão municipal”. A atividade teve com palestrantes o professor Sérgio Magalhães (PROURB/UFRJ), o professor Marcelo Miguez (POLI/UFRJ) e o arquiteto Alberto Lopes (IBAM), sob a mediação do também arquiteto Henrique Barandier (IBAM).
As evidências de que estamos diante de desafios urgentes para proteger pessoas e territórios de desastres decorrentes de eventos climáticos extremos são contundentes. O que está sob ameaça é a própria vida e o desenvolvimento local, regional e nacional. Nesse contexto, se torna ainda mais complexa a agenda urbana ambiental do país marcada pelos passivos urbanísticos, ambientais e sociais acumulados em décadas. Políticas de mitigação e adaptação exigem a compreensão das várias dimensões do fenômeno, cooperação entre entes da federação, integração intersetorial, ações em diferentes escalas de intervenção e participação da sociedade civil na formulação e implementação. A mesa proposta se insere em uma linha de trabalho, à qual o IBAM vem se dedicando, mais diretamente ligada ao apoio aos Municípios na formação de quadros e organização das administrações para enfrentar os desafios da gestão municipal no contexto das emergências climáticas.
O Professor Sergio Magalhães abordou o acelerado processo brasileiro de urbanização desde a metade do século XX e as consequências para as cidades marcadas por profundas desigualdades sociais para, em seguida, mostrar que nos próximos anos serão construídos cerca de 50% do total atual de domicílios existentes. Diante dessa tarefa gigantesca e considerando o contexto das emergências climáticas, provoca a reflexão sobre o modo de construir cidades e a necessidade de se repensar fundamentos de políticas públicas para as cidades, em especial as destinadas à produção de moradias.
O Arquiteto Alberto Lopes concentrou sua exposição nos desafios relativos às cidades situadas na extensa zona costeira do país, que concentra parte significativa da urbanização brasileira. Situando o debate na fronteira entre as agendas verde e azul, destaca desafios antigos e novos que se impõem nas cidades da costa do Brasil em face das mudanças do clima.
Por fim, o Professor Marcelo Miguez trabalhou o tema da drenagem urbana, ressaltando abordagens compreensivas do território e das dinâmicas das águas para enfrentar a tensão entre cidade e natureza. Ao apresentar um caso concreto de estudo, o Município de Maricá, no Rio de Janeiro, mostra como soluções baseadas na natureza podem ser adotadas no planejamento urbano de modo a contribuir para a adaptação das cidades às mudanças climáticas.
Outros fenômenos também associados direta ou indiretamente à crise climática, como secas severas, incêndios florestais, deslizamentos de terra, entre outros, não puderam ser tratados nesse momento, ainda que sejam tão importantes quando os que foram abordados. Ainda assim, a mesa contribuiu de modo relevante para o Green Rio deste ano ao colocar em discussão grandes desafios postos para as cidades do Século XXI. Esses exigem se pensar novas formas de construir cidades e também a formação continuada de quadros técnicos na administração pública e na sociedade civil para lidar com questões novas e complexas.