O evento, que se estendeu até o sábado, foi empreendido pela Prefeitura de Niterói, por meio da Fundação de Arte da cidade, em parceria com o Instituto Novos Paradigmas, e contou com a participação do Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, e do ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, sob a mediação da jornalista Luciana Barreto.
Boaventura iniciou sua fala dizendo que não podemos eliminar as esperanças com relação ao regime democrático, apesar de estar, nas palavras dele, “perdendo terreno, em situação de exaustão interna”. O sociólogo enfatizou que há uma nostalgia com relação a um passado fascista e opressor como maneira de salvar a democracia, mas que a população precisa resistir a essas ideias e pensar em alternativas, entendendo que podem ser exploradas outras possibilidades democráticas, que ele chamou de “demodiversidade”, título do seu mais recente livro, escrito com o sociólogo português José Manuel Mendes.
Num auditório lotado, Boaventura chamou atenção também para o papel da participação na gestão publica brasileira. Segundo o sociólogo, esse papel acaba circunscrito no âmbito municipal. Para ele, é preciso ultrapassar a fronteira e ampliar os processos participativos para as esferas estaduais e distrital.
No segundo dia de seminário foram promovidos dois painéis. O primeiro, intitulado “Participação e democracia no século XXI”, refletiu sobre as possibilidades democráticas abertas pela comunicação digital, emergência de movimentos sociais organizados em rede e mudanças no tecido social das sociedades pós-industriais. Já o segundo, abordou o tema “Cidades inteligentes e desenvolvimento econômico local”, enfatizando que as cidades são o espaço privilegiado para a experimentação de novas possibilidades econômicas e de organização da vida em sociedade.