Notícia

IBAM celebra Dia Internacional da Mulher

No 8 de março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher e, através deste Informe Especial, o IBAM apresenta aos seus leitores duas mensagens. A primeira delas, diz respeito a projeto de desenvolvimento de habilidades profissionais de equipes do Instituto. A segunda mensagem traz uma reflexão da economista Angela Fontes sobre a data e expressa, também, nossa perspectiva institucional sobre as políticas públicas do tema, sobretudo pela atuação do IBAM no Conselho Estadual de Direitos da Mulher (CEDIM/RJ), espaço de controle social e monitoramento das ações desenvolvidas pelo governo do estado para as mulheres fluminenses.

Diversidade como tema de aperfeiçoamento interno

Em março de 2018, iniciamos um ciclo de atividades de disseminação de informações e conhecimentos ligados ao tema da diversidade para o quadro de funcionárias/os e colaboradores do IBAM.Trata-se de um programa interno quinzenal de fortalecimento da capacidade técnica e gerencial que se direciona a aperfeiçoar nossas frentes de trabalho, bem como nossas relações interpessoais. Como experiência piloto, sua frequência ao programa é voluntária. Ao longo desse período, tivemos indicadores expressivos que reafirmam nossa caminhada e nos deixam entusiasmados (as) para continuar coletivamente nas reflexões, tais como:

  • Rodas de conversas e oficinas sobre gênero e raça;
  • Oficina sobre sexualidade;
  • CinesIbam com exibição de curtas metragens/documentários e participação de convidados especialistas nos debates;
  • Envio de clippings com leituras sobre temas ligados à diversidade;

O investimento nestas atividades faz parte do envolvimento institucional para o amplo reconhecimento e respeito às nossas identidades, bem como para a inclusão da diversidade nos processos de criação e inovação. Sabemos que trazer esse diálogo para dentro das organizações agrega valores humanos e responsabilidade coletiva com as mudanças sociais, o que reflete na qualidade dos seus serviços e produtos oferecidos no mercado.

A partir dessa experiência interna, o IBAM acredita que todas as organizações, sejam públicas ou privadas, podem construir políticas afirmativas que garantam representatividade e equidade nos seus quadros. E, para além da ocupação dos espaços, o diálogo aberto, horizontal e participativo é fundamental para a desconstrução do machismo, racismo e LGBTfobia. Estarmos juntas/os na compreensão da estrutura dos preconceitos e discriminações é um passo estratégico para a construção de uma sociedade mais justa.

8 de Março: um dia ícone para transformação social

Celebrar o 8 de Março nos leva a pensar o cotidiano das mulheres nas dimensões tanto da vida privada quanto pública. Leva, também, ao reconhecimento de como é recente no tempo histórico uma mulher ser protagonista de sua vida pública. Vale lembrar o sentido dado pelos dicionários (ainda hoje) ao se pesquisar mulher com vida pública: mulher que se vende por dinheiro, seguido de, no mínimo, 20 adjetivos que qualificam a “venda”, diferentemente do significado emprestado ao homem com vida pública: pessoa que se dedica à política, seguido de apenas dois adjetivos, político e estadista.

É sobre a presença das mulheres na vida pública, considerando toda a complexidade enfrentada por elas no sentido de ultrapassar as dificuldades concretas e culturais vivenciadas na vida privada e chegar ao mundo público, que nossa atenção se volta nesta celebração.

Avançamos em diferentes áreas da sociedade desde a conquista do direito ao voto em 1932. Passamos a poder decidir continuar ou não em um casamento a partir da lei do divórcio em 1977. Adquirimos maior escolaridade nas últimas décadas. Éramos 42% da população economicamente ativa – PEA, em 2018, mas permanecemos com salários 30% inferiores aos masculinos. Mesmo assim, somos responsáveis por cerca de 40% dos domicílios sem cônjuge e com filhos até 14 anos. No ambiente privado, a divisão das tarefas domésticas ainda não é a regra na maioria das famílias. Avançamos menos no que diz respeito à saúde das mulheres, aos direitos sexuais e reprodutivos. Conquistamos instrumentos, como a Lei Maria da Penha (2006) e a Lei do Feminicídio (2015), para o enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres, mas a realidade nos confronta com o aumento vertiginoso da violência contra as mulheres. Adquirimos direitos e deveres. Enfrentamos desafios.

A questão que colocamos, então, é como celebrar o Dia Internacional das Mulheres num cenário que aponta fortemente para a permanência da desigualdade de gênero.

No âmbito das políticas públicas, compreender que as mulheres não estão circunscritas a um campo, uma área, mas que perpassam por diferentes temas, leva ao desafio de buscar uma análise integrada das políticas para as mulheres. Transversal e complexa. Análise essa que exige, ao mesmo tempo, uma construção teórica e um conjunto de ações e práticas políticas a serem executadas pelas três esferas de governo.

Vale lembrar que, em setembro de 2015, a ONU propôs a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, contendo o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre eles, há o ODS 5 que visa “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.

Dialogando com o ODS 5, o Plano de Políticas para as Mulheres – PNPM 2013-2015, resultante da 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (3ª CNPM), reforça o princípio da participação social, sobretudo das mulheres, e compreende “desenvolvimento sustentável com igualdade econômica e social, para democratizar o acesso aos bens da natureza e aos equipamentos sociais e serviços públicos”.

É com esse espírito que a celebração do 8 de Março segue em busca da equidade de gênero, raça/etnia, do pensar coletivo entre as mulheres, da transformação social, que considera as dimensões cultural, social e econômica formadoras do tecido social brasileiro.

Angela Fontes

8 de março de 2019

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